50 anos da Rua das Flores
20 de maio de 2022 | Escrito por ACP
Na comemoração dos 50 anos da Rua das Flores, a primeira rua exclusivamente de pedestres do Brasil, a ACP entende que chegou a hora de repensar com seriedade este nosso importante e estratégico espaço urbano. O calçadão foi revolucionário em sua época e inspirou mudanças urbanísticas em inúmeras outras cidades brasileiras. Este legado de Jaime Lerner sintetiza o pensamento inovador dos urbanistas da segunda metade do século 20, segundo o qual as cidades devem começar a ser pensadas do ponto de vista das pessoas (como pedestres) e não mais privilegiar os carros. Avenidas e viadutos devem ser construídos para melhorar o fluxo dos veículos, mas nunca em detrimento da circulação de pedestres.
A necessidade de se promover o debate sobre nossos calçadões centrais (afinal, não se restringem à rua XV de Novembro) se dá porque é visível seu esvaziamento, que parece ter se agravado após a crise da pandemia da covid 19. Estabelecimentos em vias comerciais nos bairros se recuperaram mais facilmente, enquanto no centro muitos nunca mais reabriram suas portas, num processo que já vinha se desenhando há alguns anos, de início com o fechamento de estabelecimentos tradicionais que foram sendo substituídos por um comércio mais popular.
Mas, pior que o esvaziamento, é o risco da degradação, com impactos em todo o entorno devido à violência o tráfico de drogas e a ocupação de extensas áreas por moradores de rua. Sofrem os comerciantes, os moradores e os consumidores. Calcula-se que em torno de 100 mil pessoas circulem pelo calçadão diariamente.
Temos que salvar este patrimônio. Curitiba ainda tem a chance de salvar seu centro e a vitalidade das ruas com um comércio dinâmico e variado em que as pessoas não precisem buscar apenas os shoppings centers para compras ou lazer. Uma cidade sem pessoas nas ruas é uma cidade área, triste, desumana.
A propósito, aqueles que pensam o planejamento urbano de Curitiba deveriam estar atentos a isso quando retiram espaços de estacionamento em ruas comerciais. A experiência prova que essa medida impacta diretamente no comércio estabelecido nessas vias, que deixam de ser atrativas por falta de vagas. Em poucos meses muitos são obrigados a fechar por causa da fuga dos consumidores. Em paralelo, as ruas acabam virando verdadeiras vias rápidas, que aos poucos vão se enchendo de radares num processo em que só o poder público ganha, com o aumento da arrecadação através das multas de trânsito.
São pontuações que colocamos com o sentido de ajudar no debate sobre nossa cidade e, neste momento, em especial, sobre a nossa amada Rua das Flores, que queremos cada vez mais linda, rica, diversificada e atraente. Para tanto, poder público e iniciativa privada devem se unir parta buscar soluções. Algumas mais urgentes, como ações fortes em termos de segurança, especialmente no período noturno e nos fins de semana.
Para reverter a tendência de êxodo de moradores, que se acentuou na década de 1990, a região central de Curitiba adotou nas últimas décadas várias propostas de revitalização da área. Capitaneados pelo Centro Vivo, idealizado pelo ex-presidente Jonel Chede, da Associação Comercial do Paraná, em parceria com a Prefeitura Municipal, além de outras entidades, foram realizados projetos que, por meio da recuperação de características dos prédios históricos, o fomento de ações pelo comércio, o reforço da segurança pública, entre outros, visando atrair mais moradores para o Centro. Viabilizou-se, por exemplo, a recuperação de todo mobiliário público, com a volta dos postes modelo histórico e galeria em subsolo por onde passam toda fiação de cabos telefônicos, elétricos, águas e sistema de segurança para os comerciantes.
O Projeto Centro Vivo foi concebido com o objetivo de revitalizar e a região central da cidade de Curitiba, envolvendo no projeto variados segmentos de negócios da região central, a iniciativa privada e o poder público tanto municipal quanto estadual. O projeto, desde seu início, contempla a exploração do potencial econômico, cultural e turístico do centro de Curitiba, eventos comuns aos segmentos comerciais, estratégias promocionais dirigidas e parcerias com os diversos nichos de mercado. Uma das possibilidades é usar as datas promocionais para realizar eventos culturais, liquidações anuais, além de promover mudanças paisagísticas, melhorar a infraestrutura urbana e estimular ações de responsabilidade social, além de aperfeiçoar a gestão e melhoria da qualidade do atendimento das lojas.
O momento é oportuno para a discussão dessas questões, que trazem benefícios para a cidade como um todo. Também são beneficiados os governos estadual e municipal que passam a contar com a iniciativa privada como uma aliada no processo de melhoria de toda a região.
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