A noite desta quinta-feira (04.09), na Associação Comercial do Paraná (ACP), foi marcada por um encontro inspirador, a segunda edição do evento “Histórias que Conectam”. O palco da ACP foi o cenário para que dois empresários, com trajetórias notáveis de superação e sucesso, compartilhassem suas experiências com a plateia.

Sob a condução de Maria Camila Turmina, vice-coordenadora do Conselho Jovem Empresário (CJE) da ACP, e Leonardo Navarrete, membro do CJE, o evento reuniu empreendedores, ex-presidentes e conselheiros da entidade, além do vereador Rodrigo Marcial e familiares e amigos dos palestrantes. A proposta era clara: oferecer uma noite para se inspirar e enxergar o comércio com novos olhos, através de histórias de liderança e aprendizado.

Os convidados da noite foram Camilo Turmina, economista com pós graduação em marketing, proprietário da Camilo Joalheiros e ex-presidente da ACP, e Odilon Grube, graduado em Gestão por Competência, empresário da Grube Marcas e Patentes e atual coordenador do CJE. Ambos trouxeram à tona suas jornadas, pontuando as dificuldades, as superações, os desafios e as conquistas.

Em suas falas, Camilo e Odilon não apenas contaram suas histórias, mas também ofereceram conselhos práticos para quem deseja empreender e alcançar o sucesso nos negócios. A noite foi uma oportunidade única para o público presente se conectar com as trajetórias inspiradoras de dois líderes que, com persistência e visão, transformaram suas vidas e seus negócios, com força e resiliência.

Protagonismo e resiliência

Com uma narrativa que começou em sua infância humilde em Marechal Rondon, o empresário Camilo Turmina compartilhou sua trajetória de vida e negócios no evento, demonstrando como a persistência e o foco foram essenciais para construir um legado.

Ao retornar à ACP, onde atuou como presidente durante a pandemia, Camilo expressou a alegria de estar de volta. “É bom estarmos aqui juntos, firmes e fortes”, disse. Ele contou que, aos nove anos, já trabalhava para ajudar a família e que essa experiência o preparou para a vida de vendas. Aos 18, chegou a Curitiba sem dinheiro, mas com a determinação de conseguir uma oportunidade. “Eu insisti por uma chance e prometi provar meu valor em um mês. Foi assim que iniciei minha carreira como vendedor de joias há 50 anos”, revelou.

O empresário destacou a importância do associativismo e das conexões para o sucesso. Ele e seus irmãos criaram uma comunidade de rondonenses em Curitiba, e essa filosofia de rede se tornou um pilar de sua vida. “O indivíduo que encostar o umbigo no balcão e for pra casa à noite, sem ter redes ou comunicação, é um ‘Zé Ninguém’. Um dia, o negócio dele vai falir”, alertou.

Para Camilo, a jornada de empreendedorismo foi um esforço conjunto com sua esposa, Maria, que se dedicou à gestão enquanto ele cuidava das vendas. “Nossa trajetória foi uma dupla jornada pesada, reconhecida e agradecida pelas nossas filhas Mariana, Ana Paula e Camila por todos os esforços e superações”, disse, enfatizando a importância do trabalho em equipe e do apoio familiar.

Ele também falou sobre a transição para a era digital e a sucessão de seu negócio. “Hoje, felizmente, com as redes sociais, minhas filhas fazem a comunicação muito melhor do que eu”, afirmou, expressando gratidão por ter as três como sucessoras, garantindo que o legado da Camilo Joalheiros continue a prosperar.

O palestrante defendeu a necessidade de ser um protagonista, não apenas um membro passivo em associações. Ele elogiou a ACP por sua atuação durante a pandemia, que lutou ativamente pelo comércio, ao contrário de outras associações. “Para não ser um ‘zero à esquerda’ ou um mediano, é preciso ir além, mostrar a cara e fazer a diferença”, pontuou.

Camilo também compartilhou conselhos essenciais de gestão. Ele reforçou a importância do controle financeiro, alertando para nunca misturar o dinheiro pessoal com o do negócio. “Gastem sempre menos do que vocês ganham. Esse é o segredo. O sucesso está na persistência, trabalhar firme e se dedicar a fundo”, concluiu.

Em seu discurso, Camilo reforçou que o sucesso é fruto de uma combinação de fatores, incluindo foco e excelência, gestão financeira, formação contínua e a construção de relacionamentos duradouros. Ressaltou que o crescimento vem da capacidade de criar uma conexão honesta e justa com os clientes, transformando-os em parceiros de longo prazo. “É melhor não ter atendido um cliente do que atendê-lo apenas uma vez”, finalizou.

Superação e respeito

A jornada de superação e resiliência do empresário Odilon Grube foi o destaque no evento. Ele cativou a plateia ao narrar sua trajetória, que começou como porteiro na própria ACP, graças a uma oportunidade dada pelo também palestrante Camilo Turmina.

Odilon iniciou sua fala com um gesto de gratidão. “Eu quero agradecer essa pessoa maravilhosa, que é o seu Camilo, que me abriu uma oportunidade gigante dentro da casa”, disse ele. Sem esconder suas origens humildes, Odilon revelou que começou no varejo fatiando queijo e presunto em um supermercado. “Eu não tenho vergonha de contar isso. Eu sempre pensei no coletivo, e fazer com que as pessoas entendam que é servindo que a gente consegue chegar a algum lugar”, pontuou.

A superação marcou sua vida desde cedo, quando perdeu a mãe em uma acidente e quando foi expulso de casa. A chegada a Curitiba, por conta própria, foi o início de uma nova fase. Odilon destacou a importância de buscar referências, algo que ele não teve na família, e encontrou em Camilo Turmina. “É importante você honrar as pessoas que te ajudaram e que te apoiaram todos os seus dias”, afirmou.

Um dos pontos de virada na sua história foi o entendimento sobre o valor das conexões. Ele percebeu que amizades genuínas abriam portas. “A oportunidade é uma coisa que você precisa abraçar”, ensinou. Também falou sobre a reconciliação com a família, a ponto de usar seu sobrenome como a marca de sua empresa, a Grube Marcas e Patentes. “Eu amo tanto minha família que hoje a marca da minha empresa é o meu sobrenome”, compartilhou.

A experiência de quase morte em 2009, quando ficou 30 dias na UTI, transformou sua visão de mundo. Ele percebeu que “somos pele e osso” e que bens materiais são irrelevantes. A partir daí, passou a viver sob o lema “Ser para ter”. “Não é sobre eles, é sobre mim. É o que eu quero ser, não o que eles querem que eu seja”, declarou, enfatizando que o verdadeiro valor está em ser mais humano e respeitar a si mesmo.

A transição para o empreendedorismo foi impulsionada pela pandemia. Desempregado, ele viu na procura de sua sobrinha por um registro de marca um sinal divino para abrir o próprio negócio. “Eu poderia ter ido pra área de treinamento, mas era pandemia e eu sou muito do tocar, do abraçar”, explicou. Mesmo com recursos limitados, vendeu 40 contratos no primeiro mês, batendo de porta em porta, em plena crise. “As pessoas achavam que não ia funcionar porque era pandemia… ‘Nossa, você virou empresário na pandemia, coragem’. Que bom, então”, ironizou.

Odilon revelou seu “segredo” para o sucesso: a capacidade de transformar encontros em negócios. Para ele, o relacionamento é mais importante que a transação. “Relacionamento vende”, disse. Sua estratégia é convidar as pessoas para um café em seu escritório, para uma conversa mais aprofundada, longe da correria dos eventos de networking. “O relacionamento é pós-café”, revelou.

O palestrante também motivou a plateia a ter foco e persistência, citando o método CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude) e o filme “Porta a Porta” como inspirações. “Seja o melhor naquilo que você faz… Paciência e persistência”, aconselhou. Emocionado, ele compartilhou um momento pessoal de desespero em 2016, e como superou a ideia de desistir da própria vida.

Em sua conclusão, Odilon reforçou que o sucesso é fruto de dedicação, resiliência e, acima de tudo, do poder das conexões. Para ele, o associativismo e o networking não são sobre o individualismo, mas sobre o coletivo. “As pessoas me buscam muito para poder se conectar com outras empresas, e isso é muito importante para mim hoje”, finalizou, mostrando que o sucesso vai além dos números, residindo na capacidade de impactar positivamente a vida de outras pessoas.