O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antônio Gilberto Deggerone, participou na manhã desta terça-feira (27) de uma reunião estratégica com o Diretor-Presidente da Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa), Éder Bublitz, e com o presidente do Sindicato dos Permissionários das Centrais de Abastecimento de Alimentos (Sindaruc), Paulo Salesbram.

O encontro teve como objetivo apresentar os serviços e soluções da ACP que podem ser aplicados diretamente aos concessionários e microempreendedores individuais (MEIs) que atuam na Ceasa. O complexo, que movimenta aproximadamente 20 mil pessoas diariamente, é um dos principais pólos de abastecimento do Estado.

“A receptividade foi espetacular. Vimos que há uma grande sinergia entre os serviços que a ACP oferece e as necessidades dos permissionários. Essa aproximação promete trazer resultados muito positivos”, destacou Deggerone.

Entre as propostas discutidas, estão soluções voltadas à gestão empresarial, acesso facilitado a planos de saúde, maquininhas de pagamento, seguros e outras ferramentas com condições diferenciadas. A ideia é criar um ecossistema de apoio que gere melhores resultados financeiros para todos os envolvidos – desde os gestores da Ceasa até os pequenos empreendedores que movimentam o dia a dia do local.

Durante a reunião, também foi destacada a importância da participação ativa do Sindaruc nas futuras negociações, fortalecendo o canal de diálogo com os permissionários. “Estamos abrindo um ambiente de cooperação entre as equipes da ACP, da Ceasa e do Sindaruc, para desenvolver soluções conjuntas e sustentáveis”, acrescentou o presidente da ACP.

O encontro foi encerrado com a definição de uma agenda de próximos passos, selando uma data simbólica para o início de uma nova fase de cooperação entre as instituições. “Hoje é um marco. Estamos colocando a primeira pedra em uma construção conjunta que certamente trará benefícios concretos para todos os envolvidos”, concluiu Deggerone.

Case chinês em pauta na visita

O diretor-presidente da Ceasa Paraná, Éder Eduardo Bublitz, participou em maio de dois dos maiores encontros internacionais voltados ao futuro da alimentação e da logística de mercados. A jornada começou em Joanesburgo, na África do Sul, onde ele esteve presente na Conferência da União Mundial de Mercados Atacadistas (WUWM), e seguiu até Xangai, na China, para a SIAL Shanghai 2025 — a maior feira de inovação alimentar da Ásia.

Na WUWM, realizada entre os dias 14 e 16 de maio, Éder teve contato com lideranças do setor agrícola de vários continentes. Com o tema “Moldando o futuro dos mercados de produtos frescos por meio da sustentabilidade, inovação e inclusividade”, a conferência abriu espaço para debates sobre segurança alimentar, boas práticas de governança e o papel dos mercados atacadistas em tempos de transformações climáticas e tecnológicas. “Foi uma troca de experiências muito rica, com gestores de diferentes realidades, mas com desafios semelhantes aos nossos”, destacou.

Já na SIAL Shanghai, realizada de 19 a 21 de maio, o impacto foi visual e estratégico. A edição desse ano da feira tem números que impressionam: mais de 17 mil expositores de 126  países , mais de 180 mil visitantes e 700 mil profissionais atendidos . O objetivo principal da feira é apresentar soluções inovadoras em produtos, embalagens e tecnologias e que moldarão o futuro da alimentação. “Passei 80% do tempo andando, explorando. A feira é imensa. Vi muitas frutas, produtos desidratados, máquinas, embalagens de altíssimo nível. Conversei com fabricantes e voltei com muitas ideias”, comentou Éder.

Um ponto que chamou muita atenção foi o modelo chinês de comercialização de alimentos frescos. “Não tem nada a granel. Nada de escolher laranja ou tomate um a um. Tudo já vem embalado, padronizado, com visual impecável e praticamente zero desperdício. Muitos supermercados têm centros próprios de embalagem, o que reduz perdas e agrega valor.”

Entre as tecnologias vistas, uma se destacou: equipamentos que usam raio-x para esterilizar alimentos, eliminando riscos biológicos sem uso de água. “É uma solução que poderia ser adaptada por aqui, principalmente onde não dá pra usar lavagem tradicional. Garante segurança sem perder qualidade.”

A visita também revelou novas oportunidades de mercado. A China tem alto consumo de cafeína, especialmente em forma de chá e café expresso forte. “Eles consomem muito chá, e isso abre espaço para produtos à base de erva-mate, como os que já produzimos no Paraná. Vi também potencial para frutas como uvas e mangas, em que temos grande expertise.”

Embora o Brasil estivesse representado na feira — com carnes, açaí, cachaça e castanhas —, o Paraná ainda não tinha presença marcante. “Faltou a gente lá. Temos qualidade, diversidade e potencial para oferecer produtos alinhados com as demandas desse mercado gigante. Foi uma chance de enxergar onde podemos entrar e o que podemos melhorar.”

Para Éder, participar desses eventos não é apenas sobre estar presente, mas sobre estar atento. “A gente vai pra observar, aprender e imaginar o que podemos fazer melhor aqui. São experiências que conectam o Paraná com o que há de mais atual no mundo da alimentação.”