Café das Nações – edição Business fomenta comércio exterior em Curitiba
15 de ago de 2025 | Escrito por ACP
Com a presença de cônsules, representantes de câmaras bilaterais de comércio e importantes lideranças empresariais, o Café das Nações – versão Business reuniu autoridades e executivos na manhã desta quinta-feira (14), na sede da Fiep, em Curitiba. O evento teve como objetivo principal fomentar relacionamentos e gerar oportunidades no comércio exterior. Realizado pelo jornal Diário Indústria & Comércio em parceria com a Associação Comercial do Paraná (ACP), por meio do Conselho de Negócios e Relações Internacionais (Coninter), este encontro integrou a programação do 5º Seminário de Negócios Internacionais, promovido pela Fiep e pelo World Trade Center (WTC).
A edição contou com a participação especial de Gustavo Bastos, gerente Executivo de Negócios da Câmara de Comércio Índia Brasil, e de Marcelo Grendel, presidente do Corpo Consular do Paraná e cônsul honorário de Bangladesh. Ambos apresentaram as vastas oportunidades de negócios em seus respectivos países.
Presentes também no evento, os cônsules Alejandro Campo (Argentina), Andrea Vianna (Luxemburgo), Blanca Hernando Barco (Espanha), Jorge Abdula (Síria), Nizar Hacheim (Líbano), Robert Ruijter (Países Baixos), Valter Ros (México), e Andre Sopas, vice-cônsul de Portugal.
O Café das Nações recebeu ainda Fabiana Tronenko, embaixatriz da Ucrânia, e Maristela Parigot, presidente do Instituto de Relações Internacionais do Paraná (IRIP). Dirigentes de câmaras bilaterais de comércio reforçaram o caráter plural e internacional do encontro, incluindo Matias Crudo (Argentina), Maxwil Braga (Finlândia), Dario Galoni (Itália), Francisco Costa Filho (Japão) e Zenilda Stocker (Portugal).
Outras presenças importantes foram Irene Martins, diretora do jornal Indústria & Comércio; Gabriela Navarro, assessora de Relações Internacionais, representando a Prefeitura de Curitiba; Rodrigo Becegato, da Secretaria de Indústria; e Celso Gusso, presidente da Associação das Empresas da Cidade Industrial de Curitiba (Aecic).
Mercados atrativos
Representando o presidente da ACP, Antonio Gilberto Deggerone, o coordenador do Coninter, Moroe Olsen, expressou grande satisfação em conduzir o Café das Nações. Ele enfatizou a importância do evento “especialmente neste momento conturbado da geopolítica, em que muitas vezes somos obrigados a contornar caminhos para evitar tarifas atuais ou, a partir de 1º de janeiro de 2026, escapar das tarifas sobre carbono que a Europa imporá sobre fertilizantes e outros itens da pauta comercial. Precisamos nos unir em torno de projetos”. Moroe ressaltou que, apesar de centenária, a ACP tem buscado inovar e utilizar todos os recursos possíveis para permitir que os empresários paranaenses possam comercializar seus produtos, preferencialmente nos mercados mais atrativos. Ele reforçou, ainda, o papel fundamental do corpo consular, afirmando que “com o auxílio deles conseguimos colocar nossos produtos em outras nações”.
Higor Bezerra de Menezes, gerente de Relações Internacionais da Fiep, proferiu as boas-vindas ao Café das Nações, destacando que “vivemos um momento de geopolítica muito instável. Setores da indústria paranaense passam por dificuldades, como o setor da madeira, entre outros. A Federação tem se posicionado diante dessa instabilidade no comércio exterior, e o 5º Seminário de Negócios Internacionais também serve para discutirmos e encaminharmos soluções, como rodadas de negócios. O Café das Nações existe para networking, geração de negócios e busca de oportunidades”, enfatizou.
Higor também salientou o lançamento do Paraná 4 Business, o maior programa de atração de investimentos para a indústria. “O presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, é muito pragmático; buscamos objetividade e negócios reais. Nosso propósito é atrair investimentos estrangeiros para o Paraná e o Brasil, mesmo neste cenário de incerteza e instabilidade. O empresário brasileiro é a maior vantagem competitiva do país, resiliente e oportuno diante da reconfiguração global”, afirmou. O gerente concluiu que o seminário, em sua visão mais ampla, busca “destacar o Paraná entre os demais estados para que compradores internacionais visualizem o estado e o Brasil com mais relevância no cenário global”.
Em nome do presidente da Fiep, o vice-presidente da Fiep, José Carlos de Godoi, deu as boas-vindas a todos os participantes do evento, realizado em parceria com a ACP. “A cada encontro, as reuniões ficam mais enriquecedoras, com alto nível de participantes e temas”, afirmou, destacando a sólida parceria entre as instituições. “A ACP tem uma relação forte com a Fiep, e estamos juntos no Café das Nações, que é um ponto de partida para boas ideias e relacionamentos”.
Convidado a falar, o gerente do World Trade Center no Brasil, Hiago Tavares, destacou que o WTC é o maior clube e rede de negócios do mundo, presente em 90 países e 321 cidades. “Agradeço a todos que participaram do seminário e do Café das Nações, que já considero um grande sucesso”, disse. Segundo ele, o seminário registrou mais de 2 mil inscrições e contou com a participação de mais de 1.200 pessoas. “Recebemos uma comitiva dos escritórios do WTC da América Latina, com mais de 50 delegados. Agradeço à Fiep, ao WTC e aos consulados. Foi muito gratificante o resultado de um trabalho árduo”.
Oportunidades comerciais
Gustavo Bastos, gerente executivo de Negócios da Câmara de Comércio Índia Brasil, apresentou um panorama do país asiático e suas oportunidades comerciais no Café das Nações. “A Índia, assim como o Brasil, enfrenta desafios importantes, mas vive um momento de destaque global. Este ano, tornou-se o país mais populoso do mundo e ultrapassou o Japão como quarta maior economia. É uma nação de dimensões continentais, com múltiplas línguas oficiais, crescimento médio anual de 7% na última década e competitividade em diversas áreas”, explicou.
Gustavo ressaltou que a Índia lidera a produção mundial de vacinas e medicamentos genéricos, além de leite e brinquedos. Também se sobressai em energias renováveis, ocupando o quarto lugar em capacidade instalada, e no setor de tecnologia, com mais de 110 unicórnios, a terceira maior base de startups do mundo. “Na inteligência artificial, é o segundo maior país em força de trabalho e o quarto maior produtor de automóveis”, afirmou. Segundo ele, a infraestrutura vem avançando rapidamente, com 236 km de estradas asfaltadas por semana e grande investimento ferroviário. Com 60% da população abaixo dos 35 anos, a Índia também tem um mercado consumidor crescente e altamente conectado.
O executivo observou que a relação comercial Paraná–Índia é relevante, pois o estado é o terceiro maior exportador brasileiro para o mercado indiano e o quinto maior importador. “Nosso comércio bilateral gira em torno de 900 milhões de dólares, mas há muito espaço para crescer. Brasil e Índia estabeleceram a meta de elevar o comércio para 20 bilhões de dólares até 2030, o que representaria um crescimento de 66%”. Citou oportunidades em setores como madeira, papel e celulose, química e petroquímica, algodão, sementes e oleaginosas – este último com alta de 400% nos últimos cinco anos, impulsionado pelo gergelim.
Ao falar sobre a atuação da Câmara de Comércio Índia Brasil, Bastos ressaltou que a instituição completou 21 anos e ampliou sua presença com escritórios em Cuiabá, Curitiba e Nova Délhi. “Queremos ser mais que uma ponte institucional: somos uma plataforma de negócios. Oferecemos inteligência de mercado, missões empresariais e compliance, cuidando da relação bilateral com foco em resultados concretos”. A entidade é a única no país reconhecida oficialmente pelas embaixadas do Brasil na Índia e da Índia no Brasil.
Gustavo finalizou sua apresentação destacando o projeto Sambandh – Brasil Meet India, desenvolvido a pedido da Embaixada Brasileira na Índia. “Queremos mostrar ao mercado indiano o que o Brasil faz de melhor. Já temos patrocinadores e empresas interessadas em apresentar seus produtos e serviços, e este é apenas o começo para fortalecer essa relação de negócios”, concluiu.
Quebrar paradigmas
Marcelo Grendel, presidente do Corpo Consular do Paraná e cônsul honorário de Bangladesh, destacou que o estado conta atualmente com 35 países representados e 43 consulados, incluindo unidades no interior. “Novas nações estão se aproximando do Paraná e, em breve, teremos mais países no nosso portfólio”, afirmou. Marcelo aproveitou a ocasião para apresentar a história e as características de Bangladesh, país cujo símbolo é o tigre-de-bengala. Localizado no nordeste do subcontinente asiático, faz fronteira com Mianmar e Índia e acolhe grande número de refugiados. Ex-colônia britânica, tornou-se parte do Paquistão após 1947, mesmo separado por 1.500 km e pela Índia, até conquistar a independência em 1971, após um conflito que deixou três milhões de mortos e dez milhões de refugiados.
O cônsul lembrou o Dia dos Mártires, em 1952, quando estudantes foram mortos ao protestar contra a imposição da língua urdu, defendendo o direito de falar o idioma bangla. Esse episódio inspirou a Unesco a criar o Dia Internacional da Língua Materna. Grendel também citou o Nobel da Paz de 2006, concedido a Muhammad Yunus, criador do microcrédito, que transformou a economia local ao financiar mulheres empreendedoras sem garantias. Bangladesh, com 170 milhões de habitantes em território do tamanho do Ceará, é uma das economias que mais crescem no sudeste asiático e se destaca como um dos maiores fornecedores de tropas da ONU, incluindo as primeiras pilotos de caça e helicóptero da organização.
Segundo Marcelo, o país é hoje o segundo maior exportador mundial de roupas, reconhecido pela qualidade. “Marcas conhecidas internacionalmente produzem em Bangladesh, onde há rígido controle de qualidade e produção própria de fibras como a juta”, explicou. Apesar de enfrentar enchentes que cobrem um terço do território durante seis meses ao ano, o país aproveita o período seco para o plantio e o chuvoso para a criação de peixes e camarões, sendo também líder na exportação desses produtos. Importa ferro, aço e máquinas, e atua como hub de exportação para China e Índia com acordos que isentam tarifas.
O cônsul ressaltou que o Brasil, especialmente o Paraná, pode ampliar negócios com Bangladesh, que diversifica mercados após sofrer sobretaxas dos Estados Unidos. Ele defendeu a necessidade de romper estereótipos sobre o país. “Assim como o Brasil, Bangladesh é muito mais do que a imagem difundida pela mídia. É um país com praias paradisíacas, indústria moderna, projetos em tecnologia, farmacêutica e construção sustentável, e já lançou dois satélites geoestacionários”. Atualmente, cerca de 280 empresas no país possuem certificação internacional de sustentabilidade LEED Platinum.
Marcelo finalizou destacando que Bangladesh busca se adequar às exigências ambientais globais e às novas regras de descarbonização que entrarão em vigor na Europa em 2026. “O país está se preparando para o futuro, diversificando mercados e criando oportunidades que podem beneficiar diretamente empresários brasileiros e paranaenses”, concluiu.
Encerramento
No encerramento, Higor de Menezes reforçou o caráter prático e transformador do seminário, agradecendo a presença de todos. “Esperamos que sejam gerados muitos negócios e oportunidades para o mercado, para que possamos juntos trazer mais prosperidade ao Paraná”, finalizou.
Prêmio ACP de Sustentabilidade
Na oportunidade, Edilson Ribeiro, coordenador do Conselho de Ação para Sustentabilidade Empresarial (CASEM) da ACP, aproveitou para destacar o Prêmio ACP de Sustentabilidade. Este prêmio reconhece empresas que geram impacto positivo na sociedade paranaense, unindo sucesso econômico e desenvolvimento sustentável. “Queremos valorizar empresas em três áreas sensíveis para o desenvolvimento sustentável: economia circular, mudanças climáticas e diversidade, equidade e inclusão”, explicou. Ele ressaltou que as inscrições são gratuitas e estão abertas até 4 de outubro.
Próximos encontros
O coordenador do Coninter anunciou o calendário dos próximos encontros do Café das Nações: 10 de setembro, no campus da PUCPR, com a participação dos cônsules da Ucrânia, Suíça, México, Hungria, El Salvador e Costa Rica; 15 de outubro, na ACP, com foco na Missão Espanha; e 12 de novembro, na ACP, com a presença dos representantes consulares da Alemanha, Áustria, Coreia do Sul, Espanha, Finlândia, Líbano, Escócia, República Tcheca e Romênia.
Imagens: Mauro Campos





























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