Na manhã desta quarta-feira o jornal Diário Indústria & Comércio, em parceria com a Associação Comercial do Paraná (ACP), por meio do Conselho de Negócios e Relações Internacionais (Coninter), promoveu mais uma edição do Café das Nações, que em maio homenageou os países que possuem data oficial nos meses de abril e maio, sendo eles: Dinamarca, Síria, Holanda, Polônia e Argentina.

“Seguindo o conceito proposto por seu idealizador, Odone Fortes Martins, o Café das Nações segue com a proposta de ser uma janela do Paraná para o mundo, trazendo oportunidades para seus participantes”, disse ao dar boas-vindas aos presentes o coordenador do Conselho de Negócios e Relações Internacionais (Coninter), Monroe Olsen.

Em nome do presidente Antônio Gilberto Deggerone, o VP Antoninho Caron lembrou um importante passo na reestruturação da abordagem internacional da Associação Comercial do Paraná (ACP): o antigo CONCEX-RI (Conselho de Comércio Exterior e Relações Internacionais) passou a se chamar CONINTER-RI – Conselho de Negócios e Relações Internacionais. Segundo ele, a mudança não foi apenas nominal, mas conceitual. “A decisão foi fruto de uma negociação conduzida internamente e que refletiu uma necessidade estratégica. Trabalhamos essa ideia porque o termo ‘comércio internacional’ acabava restringindo a compreensão da amplitude de nossa atuação”, afirmou Caron.

Com o novo nome, o conselho amplia seu escopo de ação. “A proposta é ir além das relações de compra e venda, e incluir investimentos, parcerias, alianças estratégicas e a cooperação tecnológica como pilares centrais. Quando falamos em negócios internacionais, falamos de um horizonte mais amplo. É isso que buscamos: relações sustentáveis, interdependentes e colaborativas”, reforçou. “É preciso coragem, criatividade e competência. Mesmo sendo recém-inseridos no mercado internacional, temos potencial para buscar parcerias, alianças e tecnologias. Só juntos construiremos a nação que queremos.”

“Onde quer que esteja, tenho certeza de que o Sr. Odone está feliz em ver que seu legado continua sendo valorizado, especialmente com a parceria ainda mais fortalecida com a ACP”, disse Liana Marcia Rocha de Abreu, representando a Diretora do Diário Indústria & Comércio, Irene Martins.

O cônsul honorário da Dinamarca Pedro Luiz Fernandes (cuja data é celebrada em 16 de abril) comentou que está no cargo há 12 anos e destacou com orgulho os laços crescentes entre o país nórdico e o Brasil, especialmente por meio de ações sociais.

Com uma população de 5,8 milhões de habitantes e uma renda per capita de aproximadamente US$ 67 mil – a oitava maior do mundo –, a Dinamarca é referência em qualidade de vida, educação (com taxa de alfabetização universal) e políticas sociais rígidas, inclusive em relação à imigração. Fernandes mencionou com carinho sua proximidade com a família real dinamarquesa, especialmente com a Princesa Benedikte.

Foi em homenagem a ela que, em 2019, foi fundado o Instituto Princesa Benedikte, localizado no bairro Santa Felicidade, em Curitiba. O projeto, construído ao longo de cinco anos, atualmente acolhe 30 crianças em situação de vulnerabilidade, em parceria com o Lar Dona Vera. A estrutura segue rigorosamente a legislação que exige uma cuidadora para cada duas crianças.

Apesar de críticas iniciais de autoridades, que julgavam o espaço “rico demais” para o público atendido, Fernandes respondeu; “é um lugar rico, sim – de amor, de caridade. Essas crianças terão o melhor, como merecem”, disse, lembrando que o projeto é mantido com 100% de recursos dinamarqueses.

Em seguida, o cônsul Gourg Abdullah (cuja data nacional é comemorada em 17 de abril) destacou a importância de manter vivo o legado do saudoso Odone Fortes Martins e reforçou uma mensagem de esperança para o futuro do país.

A Síria, que conquistou sua independência da França em 1946 e completou 79 anos de soberania, é um país de grande relevância histórica e geopolítica. “Nossa capital, Damasco, é a capital continuamente habitada mais antiga do mundo”, ressaltou Gourg, com orgulho. Com uma área de 185 mil km² e cerca de 23 milhões de habitantes distribuídos em 13 estados, o país possui grandes riquezas naturais, como petróleo, gás natural e fosfato. No entanto, vive atualmente sob um governo transitório, em meio a um processo de reconstrução nacional. “Há um governo bem-intencionado e a esperança é que as mudanças se consolidem”, afirmou o cônsul. “Queremos voltar a sentir orgulho ao dizer: sou cidadão sírio.”

Encerrando sua fala, ele também agradeceu ao Brasil por acolher tantos imigrantes sírios ao longo dos anos. “O Brasil abriu suas portas com generosidade. Somos gratos por isso e por todo o apoio que recebemos em tempos difíceis”, concluiu.

Representando os Países Baixos na ausência do seu representante oficial, o Cônsul Robert De Ruijter, o Coordenador Monroe Olsen compartilhou alguns aspectos da nação europeia, reforçando os laços de amizade com o Brasil.

Localizada na Europa Ocidental, a Holanda — como é popularmente conhecida — é uma monarquia constitucional com sistema parlamentar democrático. “É uma das economias capitalistas mais livres do mundo”, destacou Olsen, referindo-se ao ambiente de negócios aberto e inovador que caracteriza o país.

A cidade de Haia, sede do governo e centro internacional de justiça, foi mencionada como um símbolo da tradição diplomática holandesa. Desde 2013, o monarca e chefe de Estado é o rei Guilherme Alexandre, figura amplamente respeitada pelos holandeses.

O gestor também lembrou que a data nacional dos Países Baixos é celebrada em 27 de abril, dia do aniversário do rei, reforçando a importância da monarquia no contexto cultural e institucional do país.

Representando a Polônia no evento, o vice-cônsul Mariusz Gitler, assumiu a fala em razão da mudança da cônsul polonesa para um novo posto no México. Em seu discurso, ele destacou com entusiasmo a cultura, a história e a presença significativa da comunidade polonesa no Brasil.

O representante lembrou que o dia 1º de maio é celebrado na Polônia como o Dia do Trabalho, marcado tradicionalmente pelo uso de roupas com detalhes em vermelho — como vestidos e ternos — e pelo reconhecimento público das conquistas sociais. Já no dia 2 de maio, o país celebra o Dia da Bandeira, exaltando os símbolos nacionais.

“As cores branca e vermelha sempre estiveram presentes nos momentos mais importantes da história do nosso povo”, afirmou. O discurso também destacou o papel dos poloneses ao redor do mundo como “embaixadores independentes da cultura do país”. Nesse contexto, foi ressaltada a força da comunidade polonesa no Brasil, especialmente no Sul, considerada a segunda maior fora da Polônia.

Durante o evento internacional, o Cônsul Honorário da Argentina, Eduardo Alfredo Leone, relembrou a profunda e antiga ligação entre seu país e o Brasil, enfatizando que essa relação teve início ainda no tempo da formação das províncias, com raízes históricas e culturais em comum.

Segundo ele, as conexões políticas se desenvolveram a partir de vínculos econômicos, iniciados há cerca de quatro séculos, quando comerciantes de Buenos Aires eram, em sua maioria, de origem portuguesa. “Com a independência, as relações se estreitaram e perduram até os dias atuais”, afirmou.

O diplomata destacou ainda um marco recente. “No último quarto do século 20, brasileiros e argentinos redescobriram a capacidade de se integrar. Essa integração tem sido extremamente positiva e, quem sabe, no futuro, possamos alcançar um nível de união semelhante ao da União Europeia”, citou.

No campo econômico, o representante compartilhou uma perspectiva otimista sobre o momento atual da Argentina. O país está saindo de um período de inflação muito alta e começa a se tornar, segundo ele, “um lugar de oportunidades comerciais reais”. Ele destacou setores estratégicos como mineração, gás e petróleo, mencionando a descoberta de uma importante área de exploração.

“Há projetos que envolvem a exportação desse gás, e o Brasil é um dos mercados prioritários para essa cooperação energética”, concluiu, reforçando o potencial de ampliação das parcerias bilaterais.