Serra diz na ACP que não vê saída para o ciclo lulista
11 de nov de 2013 | Escrito por ACP
O ex-governador José Serra, a convite do Conselho Político da Associação Comercial do Paraná (ACP) esteve, nesta segunda-feira (11), na sede da entidade, onde falou sobre política e economia. Recepcionado pelo presidente Edson José Ramon, Serra chegou acompanhado pelo governador Beto Richa e a primeira-dama Fernanda Richa.
Ramon afirmou que o ex-governador “é um exemplo de homem público que percorre o país para reconhecer o quadro político, pois somente com essa análise é possível obter um bom diagnóstico da situação econômica e financeira do país”.
Na ocasião, Gláucio José Geara, coordenador do Conselho Político, mencionou que “ética, disciplina e transparência são qualidades almejadas pela entidade, as quais devemos exigir de nossos governantes”. Geara agradeceu a presença do ex-governador, a quem foi entregue um exemplar do manifesto “O Brasil que Queremos”.
Governo atual
Na conferência ministrada por Serra, ele abordou o cenário econômico brasileiro fazendo uma retrospectiva do desenvolvimento ao longo do governo Lula até o atual momento. A principal crítica do ex-governador foi quanto à falta de investimentos no setor privado, na infraestrutura e em políticas comerciais. Sobre o período compreendido entre 2003 e 2010, denominado pelo político de ciclo lulista, acrescentou que “não se vê saída, o que, de alguma maneira, causa aflição”.
Munido de números, comparou o baixo crescimento do PIB por habitante no período de 1980 e 2012 no Brasil, de 1%, ao período do pós-guerra em que este índice chegou a 3%. Nestes anos, a economia cresceu puxada pelo consumo e, mesmo assim, cresceu apenas um terço em comparação com os países emergentes que investiram em infraestrutura: “O que mais choca é que não se aproveitou a última década de bonança da economia internacional”.
Hoje quase tudo é importado no Brasil, em detrimento da produção nacional, o que resulta numa “marcha forçada de desindustrialização”, revelou. Atualmente, o gasto com importação de bens duráveis chega a 95% do consumo. Da mesma forma, há desequilíbrio no setor de turismo, em que brasileiros desembolsaram R$ 20 bilhões no exterior, enquanto os estrangeiros gastaram R$ 5 bilhões no mesmo período, no país, gerando um déficit de R$ 15 bilhões.
Custo Brasil
O conjunto das perdas resultou no aumento do Custo Brasil, efeito refletido no incremento de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o investimento no país, dificultando o desenvolvimento, aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. Com isso, “Dilma herdou uma situação extremamente adversa. Nos dois primeiros anos a administração do país esteve perplexa, e nos outros dois se limitaram a fazer campanha”, frisou Serra.
Problemas endêmicos, os quesitos segurança e saúde foram abordados enfaticamente. “Os estruturas nacionais como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e as Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) viraram balcões de negócios”. De acordo com o ex-governador, o atual governo prefere ater-se à espetacularização de casos, como o do programa “Mais Médicos”, a tomar uma atitude de fato eficiente. Com relação à segurança, Serra disse que o problema real é a droga e não a pobreza, conforme apregoado pelo atual governo. Esse dado é alarmante: “Hoje o Brasil compra quase a totalidade da droga boliviana”, afirmou.
Mercosul é aberração
Sobre a próxima gestão presidencial, cargo ao qual Serra ainda está disputando no PSDB, o pré-candidato está convencido que será necessário instituir novas políticas comerciais, como por exemplo, refazer o Mercosul. “Esta é uma aberração, pois não temos uma zona de livre comércio como a Nafta. Serviu apenas para eliminar a soberania brasileira quanto à decisão de modificar alíquotas de produtos”, esclareceu. Até o momento, o Brasil somente selou acordos de livre- comércio com três países – Israel, Palestina e Egito — o que destoa da expansão de acordos bilaterais pelo mundo.
Ao encerrar sua fala, Serra disse que “a meta de qualquer governo é o crescimento do país”, pois sem isso não há emprego, renda e arrecadação. Além disso, defendeu o fim do loteamento e partidarização do país, referindo-se ao excessivo número de funcionários comissionados. “É necessário que o Estado estabeleça critérios de profissionalização e certificação para os ocupantes destes cargos. Esta é uma condição indispensável que demanda mudança de costumes, a fim de mudar o rumo do Brasil”, finalizou.
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