Um momento de escuta, acolhimento e profunda conexão marcou a noite da última segunda-feira, 12 de maio, na sede da Associação Comercial do Paraná (ACP). Organizado pelo Conselho da Mulher Empreendedora (CME), o talk show em homenagem ao Dia das Mães foi mais do que uma celebração: foi uma oportunidade para compartilhar vivências reais da maternidade — com todas as suas nuances, desafios e belezas.

Com mediação da Advogada Amanda Gimenes e abertura de Albanir Fracaro, coordenadora do CME e vice-presidente da ACP, o evento reuniu mães que representam diferentes formas de exercer a maternidade: solo, por adoção, atípica e homoafetiva. Foram histórias intensas, corajosas e cheias de amor, que trouxeram à tona temas como redes de apoio, preconceito, ausência de políticas públicas e a romantização do Dia das Mães.

“Geralmente quando falamos de mãe, tudo é lindo, tudo é maravilhoso, mas no dia a dia sabemos que não é bem assim. A ideia de trazer essas mães com histórias diferentes foi justamente para mostrar que todas são mães, com seus desafios e amores”, destacou Albanir.

Vozes que tocam

Janaine Stoco, jornalista, gerente de comunicação da ACP e mãe atípica, compartilhou sua trajetória de amor e perseverança com o filho Luidgi, diagnosticado com autismo. Ela falou sobre o impacto do diagnóstico e a importância da inclusão. “O laudo, apesar de doloroso, foi libertador. A partir dali sabíamos onde buscar ajuda. Mas ainda falta muito apoio prático. Seguimos lutando todos os dias para garantir um futuro digno ao meu filho”. Para ela, cada avanço é uma conquista, para ele, uma alegria.

Para Anahy Eschholz D. M. da Silva, que adotou quatro irmãos com idades entre dois e oito anos, a palavra-chave é organização e amor. “A adoção foi um ato consciente, mas extremamente desafiador. Tinham momentos em que todos falavam juntos. Criamos uma rotina com regras claras, reuniões familiares e muito carinho. Na nossa casa, tudo é decidido com diálogo e respeito”. Ela é mãe de Amanda, Giovani, Emanuel, Doroty, Catarina e Ariel.

A mãe solo Cecília Ayaco Francisco, personal trainer e mãe de David, de apenas oito meses, falou sobre a ausência de apoio e o peso do julgamento. “A primeira pessoa que teve pena de mim fui eu mesma. Mas percebi que esperar algo do outro lado não adiantava. Passei a focar no que eu podia fazer. Tudo com mais tranquilidade e calma. Levo o Davi comigo para tudo — trabalho, palestra, igreja — e dou o meu melhor todos os dias”, contou, completando que está se permitindo, se adaptando e descobrindo como ser mãe de primeira viagem e solo.

Já Ana Terra Pagliuca, Advogada e mãe homoafetiva, relatou com naturalidade a forma como a filha Alice acolheu a nova configuração familiar. “Nunca precisei explicar o que estava acontecendo. Ela entendeu desde o início que havia amor. E onde há amor, há família. Tudo aconteceu com leveza. As perguntas surgem, e respondemos com sinceridade e afeto”, disse.

Mães, mas também mulheres

Amanda Gimenes, que conduziu o talk show, pontuou um aspecto central do encontro: a necessidade de enxergar as mães como mulheres inteiras. “A maternidade é muitas vezes romantizada. Mas somos também mulheres, com necessidades, sonhos e limites. O que vimos aqui hoje foram mulheres que não se conformam em apenas ser mães — elas fazem tudo e mais um pouco, todos os dias”.

Ao final, o público presente também teve espaço para compartilhar experiências e refletir. E falou das diferentes realidades e da certeza de que tudo passa, tudo melhora, com rede de apoio e amor. Um sentimento de sororidade e empatia tomou conta da sala.

Mais do que homenagear as mães, o encontro deu voz à diversidade da maternidade real — aquela que enfrenta, acolhe, supera e ama sem garantias. Porque, como Amanda resumiu com emoção: “Ser mãe é um amor que só vai, não volta. É entrega sem esperar retorno. Mas, mesmo assim, seguimos. Porque quando eles estão bem, a gente se sente invencível”.