Processo de privatização da Copel pauta palestra na ACP
10 de maio de 2024 | Escrito por ACP
O empresário e presidente do Conselho de Administração da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), Marcel Malczewski, realizou a palestra “Transação do Ano – privatização da Copel”, na sede da Associação Comercial do Paraná (ACP), na noite desta quinta-feira (9). O encontro foi promovido pelo segmento Fusão e Aquisição de Empresas do Conselho das Câmaras Setoriais da ACP, que tem à frente Carlos Tristão e Fabio Assahi, respectivamente.
“Faz muito sentido para nós conhecermos melhor os bastidores do processo de venda da Copel. O Paraná passa por situações de falta de energia, em paralelo contamos com projetos de novas fontes energéticas, e hoje recebemos uma pessoa para falar sobre isso com muita clareza e sinceridade. Uma pessoa que chegou onde está por sua competência”, destacou o presidente da ACP, Antonio Gilberto Deggerone.
Natural de Ponta Grossa, Marcel Malczewski, se define como empreendedor. Com primeira formação em engenharia elétrica, foi um dos fundadores da Bematech, é sócio-fundador da TM3 Capital gestora de investimento e tecnologia, e está à frente do Conselho de Administração da Copel desde 2019.
Venda da Copel
A operação de venda da Copel foi a terceira maior oferta do setor elétrico do mundo em 2023, numa transação na bolsa de valores que movimentou R$ 5,2 bilhões, sendo que R$ 3,16 bilhões foram para o governo estadual, conforme notícias divulgadas à época. Com isso, a oferta da empresa se tornou a segunda maior operação financeira do ano no Brasil. Foi a primeira companhia estatal estadual privatizada via oferta subsequente de ações (follow-on) em bolsa no Brasil. Desde 1994, a Copel tem capital aberto na Bolsa de Valores. Em 1997, de acordo com a companhia, foi a primeira empresa do setor elétrico brasileiro listada na Bolsa de Valores de Nova York. A empresa também está no Latibex – o braço latino-americano da Bolsa de Valores de Madri.
“Hoje a Copel é a bola da vez em termos de mercado de energia. É uma true corporation, controlada pelo mercado, sem um controlador definido. O Estado possuía mais de 50% das ações, vendeu um pouco e perdeu o controle. Situação diferente da vivenciada por São Paulo, por exemplo, onde a estatal foi vendida para um grupo controlador, a Enel. A Copel hoje é atualmente uma empresa de capital aberto, com objetivo de garantir a qualidade do serviço para os paranaenses”, afirmou Marcel Malczewski, lembrando que o processo de venda da Eletrobrás foi um dos casos estudados pela Copel para realizar o negócio.
“A venda das ações foi possível porque tínhamos aqui um cenário favorável. A popularidade do governador Ratinho Junior foi um ponto relevante, além de trabalharmos para mostrar que tratava-se de uma evolução necessária, para a empresa não ficar refém de governos que mudam, como acontece com as estatais”, disse o palestrante. Ele ainda destacou que duas questões foram importantes e primordiais no convencimento para realização do negócio: garantir o controle pelo mercado e a criação de um mecanismo de intervenção do Governo do Paraná caso a Copel deixe de investir na rede de distribuição. Assim, foi estabelecido o golden share, que permite ao Estado intervir caso a empresa reduza os investimentos.
“Para mim foi um desafio assumir o Conselho e destravar o valor de mercado. Quando assumi, a Copel era uma estatal com Conselho de mercado. Ela sempre foi uma empresa de engenharia e privatizar tinha o objetivo de blindá-la das ações de governos, com foco em eficiência, entrega de qualidade e aumento de valor. Hoje, com a privatização, ela conta com muitos acionistas do Paraná e conseguimos manter por mais 30 anos a concessão de três das principais hidrelétricas da empresa, que representam 60% dos seus ativos”.
Como desafios, resolver questões como as eventuais falhas no fornecimento de energia, que contam com um plano específico de ações preventivas e de investimentos. “Registramos falhas pontuais, mas contamos com ações preventivas para evitar queda de energia e garantir que o serviço só melhore. Da mesma forma, nossos projetos sociais continuam, e temos a meta de descarbonizar, focar em energia renovável e atender a esta crescente demanda”, elencou. “O Paraná é um estado com índices de crescimento e isso demanda mais energia também. E certamente iremos atendê-la”, completou.
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